quarta-feira, 10 de junho de 2009

BRANDÃO QUIS NEGOCIAR E FOI PRESO

Terça, 9 de junho de 2009, 20h03 Atualizada às 08h34
Guilherme Minotti / Especial para/Terra Magazine - O diretor do sindicato dos funcionários, Claudionor Brandão, sendo preso pela Polícia Militar - Carolina OmsEspecial para Terra Magazine

Durante a manifestação na Universidade de São Paulo, nesta terça-feira, 9, a Polícia Militar prendeu o diretor do sindicato dos funcionários, Claudionor Brandão, demitido pela reitoria. A PM alega desacato à autoridade e resistência à prisão, mas sindicalistas desmentem a versão. Dizem que Brandão tentava negociar a soltura de outro funcionário e um estudante quando foi levado à delegacia.
O tenente coronel da polícia militar Claudio Miguel Longo afirma que prendeu Brandão por desacato à autoridade, depredação do patrimônio público e resistência à prisão. Dois funcionários do sindicato que não quiseram se identificar alegam que "não foi assim que tudo ocorreu".
Dizem os funcionários: "estávamos presentes no momento, a polícia prendeu um estudante e um funcionário". Segundo relatam os sindicalistas, Brandão e outros funcionários desceram do carro de som para negociar a soltura do estudante e do colega. Os policiais, ainda segundo os sindicalistas, disseram: "quem é você? como você se chama?". Diante da negativa de resposta, um policial identificou Brandão e o prendeu. Não havia algemas, dizem os funcionários. Os policiais então levaram à delegacia Brandão, o estudante e o funcionário identificado como Celso, conforme depoimento de funcionários.
Claudionor Brandão foi demitido "por justa causa", segundo a reitoria, e "por suas atividades sindicais", segundo o sindicato. A readmissão de Brandão era uma das pautas de revindicação do ato.
Desenrolar
A manifestação de estudantes e funcionários começou com gestos simbólicos contra a violência na universidade. Termina com bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha, pedras e detenções.
No início, universitários usaram livros como escudos, jogaram flores contra a tropa e, depois de fecharem pacificamente o portão principal da universidade por algumas horas, junto de funcionários e professores, caminhavam em passeata de volta à reitoria.
Quando cinco policiais militares apareceram atrás da longa fila que se formava na avenida principal da universidade, estudantes chamaram a manifestação de volta e encurralaram os PM's tentando retirá-los do campus.
Cada vez mais pressionados pelos estudantes, os policiais pareciam se encaminhar para fora do campus. Os manifestantes, usando apenas suas vozes, afastavam policiais militares da universidade. Em coro, pediam:
- Fora PM!
Os universitários, então, chegaram a fazer um cordão humano e abriram espaço para que os policiais saíssem do campus. Apontavam a saída e falavam:
- Por favor...
Os policiais pediram reforços e a tropa de choque chegou armada, jogando bombas de gás lacrimogênio e atirando balas de borracha. Alguns reagiram com pedras. Apesar do susto inicial, poucos se dispersaram e as bombas continuaram.
Após a prisão de Brandão, alguns estudantes se espalharam pela USP e os policiais também. De longe dá para ver e sentir a fumaça na Praça do Relógio, na avenida Luciano Gualberto e na principal via, a Avenida da Universidade.
A maioria dos estudantes se refugiou das bombas no prédio da história e geografia. Segundo relato do professor Pablo Ortellado, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), mesmo depois da dispersão os PM's continuaram jogando bombas na avenida Luciano Gualberto.
O professor estava no prédio da história e geografia com outros docentes, reunidos em assembleia da Adusp (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo), eles interromperam a reunião e foram surprendidos por mais bombas, dessa vez atiradas no estacionamento do prédio.
A imprensa chegou ao local e a situação foi se acalmando. Os estudantes decidiram se reunir em assembleia em frente ao prédio da história e geografia para uma assembleia.
Foi deliberada uma uma vigília de alunos no campus Butantã essa madrugada (10 de julho) e um ato na tarde de hoje - que sairá da reitoria e irá até a avenida paulista.

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