terça-feira, 21 de abril de 2009


II Hip Hop Ocupa USP

A Juventude Negra Ocupa a Universidade Elitista e Racista


Na última sexta-feira, 17/04, o prédio de História da USP foi cenário de um ato político em forma de festival cultural: o II Hip Hop Ocupa USP. Ao longo da noite, passaram pelo festival cerca de 500 pessoas, na maioria jovens negros, que têm seu acesso à universidade impedido pelo filtro social do vestibular. Também estiveram no festival estudantes da USP, PUC, Unicamp, Unesp e cursinhos populares.

Com apoio do Sintusp, DCE USP, CEUPES e Pão e Rosas, organizado pela LER-QI, Movimento A Plenos Pulmões e Pílula Preta, a atividade trouxe como temas: Contra as demissões no país; Contra a repressão na USP; pela readmissão do Brandão.

Enfrentando o boicote do regime universitário, o festival se impôs denunciando o elitismo e racismo que imperam na universidade. Nas semanas anteriores, o festival foi divulgado através de cartazes, sites e pela imprensa como o Guia da Folha e o Jornal do Campus. Um dia antes do evento, a Congregação da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) reuniu-se e publicou uma nota dizendo que não autorizava a realização do festival no prédio de História. Na sexta-feira, o boicote se mostrou até o último minuto, com ameaças de que o palco e o som não poderiam ser montados no local. Os esforços para que o Hip Hop Ocupa USP não acontecesse chegaram a ponto de anunciarem várias vezes pela Rádio USP que o festival não seria mais realizado. Nas portarias da universidade, os estudantes tiveram que fazer todo um esquema para que o público pudesse entrar.

Os burocratas acadêmicos, que vivem com mil privilégios em suas altas cadeiras, vão sempre se colocar contra a livre manifestação de estudantes e trabalhadores, ainda mais quando se coloca a denúncia da repressão que tem como principal expressão a demissão de Brandão, trabalhador da USP há mais de 20 anos, diretor do Sintusp e dirigente da LER-QI. Brandão foi demitido no fim do ano passado por defender os trabalhadores, efetivos e terceirizados, por seu papel destacado nas greves e piquetes, por enfrentar junto aos estudantes e trabalhadores os ataques do governo Serra à educação que vêm tornando a universidade cada vez mais elitista, a serviço dos interesses da burguesia. Brandão foi demitido de forma ilegal, através de uma medida anti-democrática e anti-sindical adotada pela reitoria da USP, que não respeita os direitos democráticos mais elementares conquistados pelas lutas históricas da classe trabalhadora, como a proibição de demissão de um dirigente sindical, que consta não só na constituição brasileira, mas inclusive nas normas da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Com apresentação de Raphão e Mara Onijá, o II Hip Hop Ocupa USP contou com a participação dos grupos: QI Alforria, Banda Uafro, Mara Onijá, Rincon Sapiência, Família 4 Vidas, Simbólicos, Patota D´Firmino, Raphão e Bá Kimbuta. A poesia se fez presente com a participação de Akins Kinte e Allan da Rosa, das Edições Toró. O grupo OPNI trouxe o grafite, enquanto os DJs B8, Case e Tati Laser comandaram o som.

Agradecemos a todos os grupos que participaram e fazemos um chamado a tornar permanente o combate contra o elitismo e o racismo da universidade, lutando pelo fim do vestibular e pela estatização das universidades privadas. Agradecemos pelo apoio de professores da USP como Ruy Braga e Leonel Itaissu e pela presença de militantes do movimento negro como Milton Barbosa do MNU e companheiros do Círculo Palmarino.

Um comentário:

  1. Filtro social do vestibular? Até onde me consta, durante todo o processo de correção e classificação, o candidato não passa de um número de identificação. Elitista? Concordo que os cursos mais concorridos tem em sua maioria integrantes acima da classe média, mas isso não faz do vestibular uma prova classificatória racista. O problema está nas bases educacionais, muito antes de chegar ao vestibular. Se os aprovados são em sua maioria brancos e de boa situação financeira, a culpa não é da faculdade muito menos da prova classificatória, mas sim da educação brasileira como um todo.

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